Portugal na segunda metade do século XIX.docx (27387)
vida na cidade seculo xix.doc (54 kB)
vida no campo seculo xix.doc (38,5 kB)
Portugal na 1ª metade do século XIX estava:
- Destruído – devido às invasões francesas e guerra civil;
- Empobrecido – devido aos gastos com a guerra civil e perda dos lucros do Brasil;
- Atrasado – não tinham sido introduzidos os inventos técnicos registados noutros países.
Em 1851, um governo chamado Regeneração tentou desenvolver o país.
Comunicações:
-
- Reorganização dos Correios (aparecem os selos adesivos e os marcos postais);
- Surge o telégrafo e o telefone.
Transportes:
-
- Construção de uma rede de estradas macadamizadas, por onde circulava a mala-posta;
- O Comboio – 1856 – Inauguração do 1º tropo de caminho de ferro, que levou à construção de pontes, túneis, estações…
- Barcos a vapor, sobretudo ingleses. Tornou-se necessário construir portos e faróis.
A modernização das vias de comunicação e dos meios de transporte permitiu:
- Maior mobilidade da população;
- Desenvolvimento das actividades económicas (agricultura, indústria e comércio);
- Facilitou a troca de ideias e informação.
Para o governo planificar e orientar a sua actuação realizou:
- O Recenseamento, para saber quantas pessoas tinha o nosso país e as suas condições de vida (as antigas contagens, numeramentos, apenas permitiam conhecer um número aproximado de habitantes).
Mudanças no Ensino:
- Abriram-se escolas primárias (1º livro: Cartilha Maternal);
- Formaram-se professores;
- Nas principais cidades foram criados liceus;
- Foram criadas escolas técnicas;
- Criaram-se novos cursos universitários.
Situação da agricultura até meados do século XIX:
- Terras na posse de poucas pessoas e abandonadas;
- Os processos de cultivo continuavam a ser os mesmos desde há séculos;
- Só 20% do território estava aproveitado para a agricultura;
- Os camponeses pagavam muitos impostos.
Na 2ª metade do século XIX a situação altera-se:
- Transportes mais fáceis;
- Impostos antigos abolidos por lei;
- Novos proprietários de terras:
- Venda das terras das ordens religiosas e algumas terras da família real;
- Lei que acaba com o privilégio de o filho mais velho ser o único a herdar as terras.
- Mais terras cultivadas:
- Novas leis permitiram a ocupação e vedação dos baldios;
- Destruíram-se florestas, estrumaram-se terrenos arenosos e ocuparam-se zonas montanhosas.
- Mais produtos agrícolas e mais variados:
- Cultivo da barata, arroz, frutos e vinho para venda;
- A terra deixou de estar em pousio.
Novas formas de cultivar a terra:
-
- Substituição do arado de madeira pela charrua de ferro;
Surgem as máquinas agrícolas e os adubos químicos.
Alimentação:
- A maior quantidade de milho, batata e arroz levou a uma melhoria da alimentação;
- As pessoas mais pobres comiam muito pão, sopa, gordura de porco, sardinhas salgadas… A carne e os doces eram alimentos das famílias mais ricas.
Habitação:
- Diferente de região para região, conforme o clima, os materiais de construção existentes em cada local e as funções atribuídas à casa.
Vestuário:
- Não seguia a moda;
- Adaptado aos trabalhos que as pessoas executavam e ao clima de cada região.
Actividades e distracções:
- O trabalho intenso e cansativo das tarefas agrícolas era acompanhado por danças e cantares, por exemplo: nas ceifas, desfolhada, vindima, etc.
- Aos serões rezava-se e cantava-se;
- Divertiam-se nas festas religiosas;
- As crianças faziam os seus brinquedos;
- Os homens encontravam-se nas tabernas;
- As mulheres conversavam na fonte ou quando lavavam a roupa nas ribeiras.
PORTUGAL NO SÉCULO XIX - A VIDA NO CAMPO
Nos finais do século XIX e inícios do século XX, os problemas de escassez de alimentos em Portugal intensificam-se, levando à aplicação de uma série de descobertas científicas e tecnológicas: fertilizantes químicos e melhoramentos genéticos.
Estas descobertas possibilitaram o progressivo abandono das antigas práticas, levando a uma especialização dos agricultores tanto nas culturas como nas criações.
A modernização da agricultura no século XIX deu-se quando começaram a usar-se sementes selecionadas, adubos, alternância de culturas e a utilização da máquina a vapor nas semeadoras, nos espalhadores de adubos, em ceifeiras, em debulhadoras. Também surgiram novas alfaias agrícolas.
A vida quotidiana
Na segunda metade do século XIX, regista-se uma nova organização social:
a nobreza perdeu privilégios, passou a pagar impostos, viu diminuídos os rendimentos, mas continuou a possuir muitas terras
o clero também perdeu muitos privilégios; as ordens religiosas foram extintas e as suas terras passaram a pertencer ao governo
a burguesia transformou-se no grupo social mais importante e viu a sua riqueza aumentada devido ao desenvolvimento do comércio e da indústria
o povo passou a ter, na lei, os mesmos direitos e deveres que os outros grupos sociais; na prática, continuou a ser o grupo que vivia com mais dificuldades e que desempenhava as tarefas mais duras e difíceis.
Acabaram com o direito do Morgadio que era a passagem das terras para o filho mais velho.
Dividiram os terrenos baldios e entregaram-nos aos camponeses.
A Alimentação do povo
A castanha tinha um papel preponderante na alimentação do povo, assim como as hortaliças, a caça, alguns produtos de animais domésticos, juntamente com pão de trigo e centeio. Depois vieram o milho e mais tarde a batata, o arroz e o peixe seco (bacalhau e outros), o peixe de água doce desde há muito era utilizado uma vez que estava acessível nos rios e ribeiras. Gastava-se na alimentação o azeite e o vinho. O arroz doce, as rabanadas, as broas de mel, só nas festas e casamentos.
Nos últimos tempos do século XIX a alimentação da maior parte do povo resumia-se ainda à broa (em geral de milho amarelo, moido nas muitas azenhas espalhadas ao longo dos rios e levadas), hortaliças (couves e nabos), batatas, feijão, arroz, sardinha, azeitonas e bacalhau (sobretudo na Quaresma).
Só em dias de festa é que comiam carnes e tempêro de carne de porco. As sopas em geral continham pouco caldo, ou eram quase secas, eram postas sobre broa esfarelada e abundantemente regadas com azeite no prato.
A Vida nas Cidades no século XIX
A alta burguesia habitava em ricas e luxuosas moradias, rodeadas de jardins.
A classe média, grupo de burgueses menos endinheirados, habitava nos novos bairros em confortáveis andares.
A alimentação da burguesia e da nobreza era abundante e variada.
Os burgueses tinham um tipo de vida característico. Interessavam-se pela política, pela instrução, pela música e pela moda.
Os seus divertimentos eram dar um passeio pelo jardim – passeio público, ir ao teatro, à ópera e ao café.
A maioria da população urbana do séc. XIX pertencia às classes populares.
As suas condições de vida eram muito más. Para sobreviver, trabalhavam desde crianças em actividades muitas vezes duras e mal pagas.
As classes populares habitavam em bairros miseráveis, sem condições mínimas de higiene e segurança.
As casas eram velhas e apertadas.
A sua alimentação era pobre. Os mais necessitados chegavam a passar fome. O seu vestuário era simples e adaptado à profissão.
melhor
alimentação
|
||||
melhor
assistência médica
|
diminuição
do número
de mortes
|
crescimento
da população
|
||
maior
higiene
|
Transportes e comunicações do séc. XIX
|
Vida e Obra de Fontes Pereira de Melo |
---|
Nasceu em 1819 e morreu em 1887. Figura grada da política portuguesa da segunda metade do século XIX, integra o governo regenerador constituído em 7 de Julho de 1851.
Criado o Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, em 1852, é-lhe confiada essa pasta ministerial. Enceta uma política de desenvolvimento económico do País, que é habitualmente designada por fontismo. Ocupou vários cargos ministeriais, foi conselheiro de Estado (1866) e Par do Reino (1870). A política fontista incrementou a rede viária e ferroviária, o desenvolvimento da indústria, o crescimento económico, contribuindo para a modernização do país. |
1861-Inauguração da linha férrea do Barreiro a Setúbal
1863-Inauguração da linha férrea até Évora e da ligação com a Espanha
1864-Inauguração da linha férrea do Norte até Gaia e do Sul até Beja
1870-Inauguração da ligação entre Portugal e a Inglaterra por cabo submarino
1873-Inauguração da linha férrea até Estremoz
1874-Inauguração do transporte público - O Americano
1882-Inauguração da linha férrea da Beira Alta e do Minho
1882-Inauguração das primeiras redes telefónicas
1887-Inauguração da ponte de D. Luís
1887-Inauguração da linha férrea do Douro
1887-Inauguração da Companhia dos Telefones
1889-Inauguração da linha férrea até Faro
Só no dia seguinte ouvimos contar certas peripécias dessa jornada da inauguração. A máquina, das mais primitivas, não tinha força para puxar todas as carruagens que lhe atrelaram, e fora-as largando ao longo da linha.
A Locomotiva a vapor é uma locomotiva propulsionada por um motor a vapor que compõe-se de três partes principais: a caldeira, produzindo o vapor usando a energia do combustível, a máquina térmica, transformando a energia do vapor em trabalho mecânico e a carroçaria, carregando a construção. O vagão-reboque (também chamado "tender") de uma locomotiva a vapor transporta o combustível e a água necessários para a alimentação da máquina.
Funcionamento da locomotiva a vapor: nesta animação, a cor rosa representa o "vapor vivo", procedente da caldeira, entrando no cilindro. A cor azul representa o vapor gasto que escapa do cilindro.
A VIDA QUOTIDIANA NA CIDADE - SÉCULO XIX
Na cidade habitavam grupos sociais muito diferentes. O trabalho e as condições de vida do povo contrastavam com a dos burgueses e nobres.
Classes populares:
- Começavam a trabalhar em crianças (ex: ardinas);
- Encarregavam-se da venda fixa e ambulante, trabalhavam na indústria, oficinas, construção civil, trabalhos nas casas de pessoas ricas e nas ruas;
- Comiam mal e pouco (principalmente pão, caro e de má qualidade. Comiam também bacalhau, sardinhas e outros peixes. O toucinho e as sopas de batata, feijão ou de outros legumes eram também habituais). Muitos passavam fome e tinham de pedir esmola.
- Viviam nos arredores em zonas degradadas, velhas, húmidas e superlotadas, sem esgotos, água potável e espaço para viver e repousar. No Porto, estas zonas chamavam-se “ilhas”, em Lisboa, tinham a designação de “pátios” ou “vilas”.
- O vestuário não obedecia à moda. Estava adaptado à profissão.
- Tinham poucos tempos livres e divertiam-se principalmente na rua.
Burgueses:
- Tinham uma alimentação variada e abundante. Frequentavam os restaurantes e os cafés;
- Viviam em residências de luxo: palacetes ou prédios de vários andares decorados com vitrais, ferro fundido, azulejos, pedra lavrada e estuques;
- A moda vinha de França através de revistas;
- No Verão, iam para as quintas, frequentavam os “Palace Hotel” das termas e iam aos banhos nas praias mais próximas. Na cidade, iam passear, conversar e ouvir
música para os jardins (ex: S. Lázaro no Porto e o Passeio Público em Lisboa). O Desporto começa a ter adeptos (ginástica, corridas de cavalos, etc.). Começam a ir ao cinema e continuam a frequentar as touradas, o teatro e a ópera. Os burgueses recebiam visitas em suas casas, jogavam às cartas, tomavam chá, liam e ouviam notícias e faziam grandes bailes.
NOVOS VALORES
Na sociedade e na família:
- Publicam-se manuais de “boas maneiras”
- Cabia à mãe de família formar a criança, transmitindo-lhe os princípios da religião católica, o amor ao trabalho e ao dever, obediência, honestidade e bondade.
- A mulher devia de ser uma esposa submissa e uma dona de casa “prendada”;
- O pai assegurava o sustento da casa e dava bons exemplos.
Na justiça:
- Portugal foi o primeiro país da Europa a abolir a pena de morte – 1867.